segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Laços...


Não!
Não, não há cores definidas assim como não há rumos previamente demarcados!
Ela abanou a cabeça como quem não quer deixar as palavras entrar
rodou nos calcanhares e afastou-se silenciosamente
"Só tentei ajudar-te!"
"Juro que ainda tentei agarrar-te"
Ela nada ouviu.
Ali estavam as duas a olharem-se sem se verem
a falarem sem se ouvirem
No fundo uma e outra não passavam da mesma
"Se não chorares não te posso limpar as lágrimas"
"Se te esconderes não te vou conseguir encontrar"
"Se te calares nunca te conseguirei ouvir"
Abanou a cabeça
não para evitar as palavras de entrarem mas porque as ouviu
Abanou a cabeça porque ouviu as palavras e não concordou com elas
Não me ando a esconder, não ando calada e sim... as lágrimas teimam em escorrer-me pelo rosto
És tu quem não me ouves, és tu quem não me procuras, és tu que não esticas o braço em direcção ao meu rosto molhado
Ela encolheu os ombros
Ouviu aquelas palavras vincadas de acusações e preferia nunca as ter escutado
limitou-se a dizer "eu não adivinho sabes?"
rodou os calcanhares e afastou-se
rodou-os novamente e aproximou-se
"Não tenho nada para dizer! Não quero acusar nem ser acusada!
Vamo-nos sentar e deixarmo-nos estar aqui, pode ser?
Se as lágrimas vierem são bem vindas
se as palavras brotarem lidaremos com elas
se ficarmos apenas em silêncio não faz mal!
Há coisas que ainda não encontraram as palavras certas para serem ditas!"

Fotografia: Spiritual_3 by Mehmeturgut
(Todos os Direitos reservados)

3 comentários:

Anónimo disse...

As palavras não ditas pouco importam, o silêncio
profundo não benefecia ninguém, os encontros e desencontros são dolorosos mas faz parte da vida....não te afastes de ninguém...

Os amigos tens muitos, mais do que pensas e menos do que aqueles que julgas ter...por isso não afastes os bons....

(devaneios)

Patrícia Manhão disse...

:)

deKruella disse...

E às vezes temos esses silêncios sim...em que não há piada a ser dita...em que olhamos em frente e vemos uma mulher sentada no banco do outro lado da linha, desertinha que falemos dela. Ao menos dela podemos falar! Vemos passar os comboios e abrimos precisamente a boca quando não podemos ser ouvidas...
- Não ouço! grita uma de nós!
E ficamos a olhar uma para a outra em silêncio até que possamos falar.