quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sou boa nestas coisas

Estar a ouvir a tsf e começar um relato de futebol com a equipa do Porto para a Champions e eu só me dar conta uns quinze minutos depois...

Cada vez me convenço mais que meto os phones nos ouvidos não para ouvir as notícias mas sim para não ter que ouvir os meus colegas...

(e tenho que comprar uns phones melhores porque mesmo assim ainda os continuo a ouvir :S).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Apagar

Hoje queria que as palavras me aparecessem de surpresa, me fizessem um assalto, se aliassem ao meu estado de espírito, me deixassem tirar o peso que teima em alojar-se nas costas e ajudassem a tirar o vazio que vai cá dentro.
(tira-se o vazio e fica o quê?)
Hoje queria poder voltar atrás, queria ser quem não sou, não ser quem teimo em ser. Ser outra qualquer coisa, outro alguém, olhar-me ao espelho e não me reconher.
(e se nos tiram a pele, se nos tiram o que somos, como saberemos como nos encontrar?)
Hoje queria qualquer coisa que ainda não descobri muito bem o que é. Acima de tudo queria as palavras. Escrever algo belo e sentido. Escrever em poema ou em prosa. Mas que algo belo saísse dos meus dedos para sentir que há ainda algo de belo dentro de mim.
Hoje queria as palavras mágicas, as salvadoras.
(se as houvesse não estaria já o mundo inteiro curado? porquê procurar por algo que não existe?)
Hoje queria enterrar a cabeça na areia, todo o meu corpo, todas as memórias, todos os desejos.
Porque há dias assim em que desejamos um novo passado que proporcione um futuro diferente.
(ou porque eu sou assim. se calhar mais ninguém é).
Hoje queria acima de tudo coerência, sentido, um pé a seguir ao outro, frases que tivesem significado, palavras que fizessem sentido.
Queria poder pegar no telefone e falar, mesmo que sem sentido. Ter alguém do outro lado que ouvisse, que me desse sábios conselhos, (mais uma vez) palavras sábias.
(e posso fazê-lo, então porque não faço?)
Hoje queria apagar.
Sim... apagar.
Deixar tudo em branco.
Apagar.
Recomeçar.
Fazer tudo de novo.
Esquecer-me.
Não mais lembrar.

Hoje o que queria mesmo era conseguir voltar a escrever com a força que em tempos tive. Acabar de escrever e perguntar-me "quem escreveu isto?", e depois da pergunta feita pensar "fui e está bonito... um dia hei-de escrever um livro".
Se pudesse telefonava às minhas palavras para que elas me podessem dizer o que eu preciso agora de escrever.

domingo, 11 de setembro de 2011

...

Por vezes já disse que era algo similar a um parto.
Outras que ultrapassam a vontade própria.
Agora acredito que são espinhos, são facas... não! Espinhos! definitivamente espinhos.
São espinhos que nos saem do corpo, nos rompem as veias, rasgam a pele e vêem ao cimo. Saem. Com alívio. Sem alívio. Com dor. Sem dor.
As palavras têm disto. Têm esta coisa que nos impele, que nos obriga a escrever apenas para não rebentar. Apenas para não rebentarmos. Para não serem espinhos dentro de um corpo aparentemente bom. Aparentemente saudável.
São espinhos. Pontiagudos. Afiados.
Houve alturas em que pensei que era triste não me leres. Hoje agradeço-te por isso. Não me leres é eu não ter que escrever a pensar que o farás. Afinal lês-me todos os dias, não precisas das palavras que escrevo. E hoje é um alívio pensar que não lês. É um alívio dizer que é um alívio. Que acabou. Que podes voltar a respirar. A sorrir. Até mesmo a discutir, mas desta vez pelos motivos certos. O cansaço tomou conta de ti e eu ao teu lado estava exausta. E pedias-me para sorrir e eu tentei. Tantas vezes tentei e tantas vezes não consegui. Porque o teu cansaço era o meu cansaço, porque a tua exasperação era também a minha, porque os obstáculos que se erguiam perante ti duplicavam quando chegavam a mim.
Egoísmo?
Talvez.
Mas todos vivemos os momentos com o nosso corpo, com a nossa cabeça, com os nossos sentimentos. Não os posso negar. Tentei ser forte. Juro que tentei. Tentei sorrir. Juro que tentei. Mas a morte é forte demais, má demais. É sarcástica e deixa-nos de rastos. Não quando chega. Mas todo o caminho que leva, todo o tempo que demora, todos os que arrasta atrás de si. Imponente.
Dizem que a vida consegue ser madrasta. Eu iria mais além e diria que consegue mesmo ser filha da puta. Consegue. De tanta injustiça. De ser tão incoerente. De ser tão aleatória.
Não a morte.
Mas o sofrimento.
Não o de quem vai mas o de quem fica.
Não por ter ido.
Mas pelo processo.
Egoísta?
Que se de dane. Chamem-me de egoísta.
Chamem!
Mas quando o fizerem façam-no na minha cara.
Não se limitem a mandar boquinhas quando chego. Meninas armadas em madres teresas mas que depois não os têm no sítio.
Pessoazinhas que se julgam o máximo.
Chamem mesmo na minha cara.
A olhar-me nos olhos.
E eu aí respondo-vos à letra.
Com todas as letras.
Com todas as palvras.
Com todos os espinhos.
Sim amor, ainda bem que não me lês aqui e que temos todos os dias para o fazer cara a cara.
Porque hoje eu só posso dizer que estou aliviada e feliz por ter chegado finalmente a casa.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Apesar...

... de gostar imenso de António Lobo Antunes ando há uns anos a ganhar fôlego para pegar nos últimos livros dele. tenho-os todos. religiosamente guardados. há espera, quem sabe, de fé. à espera que lhes pegue, lhes dê colo, os acaricie.
Sinto que o tempo certo está a chegar.

E se acreditasse em sinais acreditaria que este é mesmo o momento depois de ter 'tropeçado', num sítio que gosto muito, nesta bela citação:

"De vez em quando faço uma revisões interiores e lembro-me mal dos anos que passaram: tenho a certeza que só esta manhã comecei a viver e nada sei do mundo, que sou demasiado recente, que o meu tempo não começou ainda. Reparo nas coisas espantado, sem as conhecer, e duvido sinceramente que me pertençam."
.
Variações sobre o silêncio, António Lobo Antunes, Quarto livro de crónicas


E acontece-me sempre isto...
é estranho porque continuo sem compreender porque é que o António escolheu os meus pensamentos e os meus estados de espírito para escrever...
continua a espantar-me...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011