terça-feira, 26 de novembro de 2013

Uma ode a uma Avó...

Vi este texto e fiquei com o coração encolhidinho encolhidinho...

Não é um texto. É uma exposição clara do que é amar, do que é sofrer, do que é cuidar, do que é não compreender, não aceitar, não acreditar que a as pessoas saem da nossa vida porque alguma entidade supostamente superior as quer só para ela... que raio de entidade é essa que é só egoísmo?
Sim a família vem primeiro.
Então porque nos é arrancada de nós?
E sem aviso...
Estamos numa idade da vida em que dificilmente não perdemos alguém que nos é querido.
Eu perdi dois de rajada..
dez dias de distância...
sem aviso
sem eu saber como lidar com essa dor
com a dor dos que ficaram
só anos depois consegui encarar a minha própria dor
e ainda foram precisos mais uns poucos para a conseguir ultrapassar
para sempre na memória a frase da amiga
'primeiro doi muito, depois a dor vai atenuando e por fim fica a saudade... apenas a saudade'.
Não.
Fica sempre a dor.
Muita dor mas acrescida de imensa saudade.
E de repente 'Com eterna Saudade' faz todo o sentido.
E li as palavras da Sara e pensei em mim.
Pensei que se talvez tivesse conseguido escrever-vos uma carta assim teria sido mais fácil.
Li as palavras desta 'menina' tão grande e tão mulher e percebi que gostava de ter tido uma avó assim, de lhe sentir este amor e este carinho.
Não tenho.
Não tive.
Não faz mal.
Mas li estas palavras e percebi a dor...
Queria dar-lhe um beijinho na cabeça e sussurrar
... vai passar ... vai ficar tudo bem...
Anos mais tarde ela é capaz de dizer que Não. Que não passa.
Queria apenas colocar-lhe a mão no ombro e dizer-lhe que compreendo a sua dor.
Mas também não compreendo... não esta dor...
remeto-me ao silêncio... nada lhe digo...
penso não somos intimas
não faz sentido dizer seja o que for
mas dou-lhe o meu melhor sorriso
e baixinho... quase sem se ouvir...digo-lhe apenas
desculpa Sara... não tenho palavras... sinto muito... espero que passe... espero que fique tudo bem... espero que sim!


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

E é por estas e outras que me apetece mesmo sair deste País!

Ando há meses em discussão com a minha seguradora (saúde).
Discussão que leva a que não me reembolsem despesas de dentista no valor de aproximadamente 700€ desde o início do ano
Discussão que leva a que não me paguem a fisioterapia que já vai numa quantia upa upa
Discussão que me está a levar ao extremo do tentar manter a calma e boa educação.

Qualquer dia passo-me da marmita, abro a boca e saindo disparate pode ser que a coisa se resolva de uma vez por todas.
Ou vai ou racha!!

terça-feira, 12 de novembro de 2013

É só um pesadelo...



Vai descalça. Não pela areia da praia em visão sublime, em imagem idílica, em imagem de fim de filme... com os créditos a rolar e onde o espectador fica com um sorriso nos lábios ciente de que a vida pode, também ter fins felizes.
Não.
Ela vai de pés descalços mas pela aspereza do cimento, da estrada que é feita de fumo e de gotas de sujidade. Estrada feita do suor dos homens que em dias de verão insuportáveis despejaram o alcatrão na gravilha que o esperava. E agora é este alcatrão já sujo e já gasto (mas não menos áspero) que ela pisa com os pés descalços. O olhar prende-se a nenhures assim como os sonhos que deixou de ter já vão tantos anos quantos os anos da estrada que agora pisa.
Vai de pés descalços e tem-nos assim com a mesma opção que a sua vida seguiu o rumo que seguiu.
Nunca lhe perguntaram o que queria ser quando fosse grande.
Nasceu já grande. Já adulta. Já mulher feita e já com rugas. Já com o peso de mil gerações que se lhe antecederam e a quem também nunca perguntaram nem por sonhos nem por desejos. Os medos seria escusado também perguntar. São os de sempre. Vão ser sempre iguais. Os sonhos são utopias. Só se conhecem o seu lado negativo e aí têm outra palavra para os designar. São pesadelos.
Sabe-o por experiência própria. Não porque alguma vez tenha acordado a gritar e com uma mão amiga na cabeça a dizer "shiuuu... volta a dormir... foi só um pesadelo. Está tudo bem. Volta a dormir".
Vai descalça e poderíamos dizer também quase que vai despida. Despida de vaidades, de imagens num espelho, de desejos que outra coisa que não fosse uma estrada menos áspera, um caminho menos rugoso, menos areia e menos pedras.
Os obstáculos fazem parte, dizem.
As pedras fazem parte como dizia o outro é pegar nelas e fazer castelos, dizem,
As estradas têm que ser sinuosas, dizem.
Mas isso tudo é válido para quem chega, para quem tem onde chegar.
E para quem só tem que continuar a andar?
Vai descalça.
Vai.
Vai de pés descalços.
Sim.
Sim, vai mas sem nunca saber que pode parar.
Mas como dizem... não se pode saber tudo...
E nós fingimos não saber...
Shiuuu... já passou. Foi só um pesadelo. Volta a dormir!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

As palavras dos outros...


   "Os amigos cada vez se vêem menos. Parece que só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos é que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.
   Nesta semana, tenho almoçado com grandes amigos meus, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.
   Nada falha. Tudo dispara como se nos estivesse - e está - na massa do sangue: a excitação de contar coisas e a alegria de partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há décadas por realizar.
   Há grandes amigos que tenho a sorte de o serem que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição.
   Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se sempre que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, é como se nos tivéssemos visto ontem. Mas, mesmo assim, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar.
   O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela existe.
   Somos amigos para sempre, mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida."

in, Miguel Esteves Cardoso

Roubado sem aviso nem perdão de outro blog mas que não resisti em partilhar (mais que não seja para que o meu blog saiba que não me esqueci dele... ando apenas por aí... sem tinta na caneta, sem palavras de jeito, sem vontade de grandes conversas... com outros ou comigo... mas as leituras continuam e por vezes roubo dos outros o que os outros já roubaram de outros e que eu deixo aqui apenas para não me esquecer... apenas para poder voltar a encontrar estas palavras e voltar a sorrir de nostalgia quando as re-ler).