Se me perguntarem quem sou eu, não sei responder.
Se me quiserem conhecer melhor a única pergunta que me ocorre é melhor do que quem?
Melhor do que eu espero!
Não me consigo definir e nem à pergunta de qual é o teu livro ou filme preferido eu sei dar uma resposta. E por favor não me peçam uma cor ou um som... ainda pior. Há tantos sons e cores dos quais ainda não sei o nome, que ainda não consegui definir.
Sei partes de mim. Conheço apenas partes de mim. Peças de um puzzle que não tenho a coragem de fazer. Conheço-me aos poucos. Em determinadas situações. Conheço alguns dos meus erros. Reconheço onde erro. E já nem sei que qualidades possa ter.
Sou uma colcha de retalhos... já de si retalhada.
Sei pequenas coisas de mim como se fosse estranha de mim própria. Reconheço os meus espaços e os meus domínios. Os meus egoísmos que foram sendo construídos ao logo dos anos. Conheço o meu corpo enviesado numa cama de casal onde só eu caibo. Que só eu ocupo. Conheço o meu espaço num sofá que quando comprei dizia que era para três mas que afinal só tem espaço para um. Uma mesa de cozinha sempre ocupada com tralha porque ninguém se senta nela para comer. Uma despensa arrumada à minha maneira e com pouca comida. Um frigorífico que é em demasia para uma pessoa só.
Conheço a sala com os meus livros e sem espaço para mais. Os comandos que estão à minha mão de semear. Mesmo quando comprei a mesinha-de-cabeceira comprei apenas uma. No armário conheço os espaços que me pertencem sem espaço para mais alguém entrar.
Conheço-me assim... em divisões... em peças de mobília... nas paredes rachadas por raivas incontidas. Conheço-me por saber que adoro as crianças dos outros. Que amo os meus sobrinhos, os meus afilhados mas que não quero ter filhos. Gostava de engravidar mas sem o partilhar que um filho implica. Gostava de amar mas sem ter que o fazer.
Conheço-me por saber que não quero abrir mão de mim. Que me é impossível fazê-lo. Não é por egoísmo. É apenas porque me habituei assim.
Conheço-me por saber que dou tudo aos meus amigos para compensar o pouco que dão. Que estou sempre presente para compensar as suas ausências.
Conheço os meus devaneios, a minha forma de chegar e ouvir música. A minha maneira tresloucada de dançar. Da alegria que tenho em partilhar a dança com o cão. Da tristeza que sinto quando oiço uma ou outra canção.
Conheço-me assim aos bocados. Nestas minhas fragilidades. Nestes meus momentos não partilhados e que não são para partilhar.
A verdade? Prefiro não me conhecer. Prefiro não ter o puzzle completo, nem saber sequer qual seria a imagem final... prefiro mesmo assim! Deixar as mil e uma possibilidades em aberto!
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4 comentários:
A vida é assim mesmo...vamos vendo que agimos assim ou assado conforme as situações se vão desenrolando. O que antes fazíamos de uma maneira agora fazemos de outra. É a mudança em nós proprios que nos leva a não nos conhecermos realmente. Tudo vai mudando à nossa volta e nós de uma forma ou outra acompanhamos essa mudança!
Ás vezes sabemos poucas coisas de nós próprios...mas sabemos algo dos outros e que se torna nosso também.
Beijo. :)
Eu acho que nos devemos conhecer completamente, mesmo com todas as mudanças que sofremos ao logo da nossa experiência, como diz a kruella. Só sabendo quem somos é que podemos traçar os bons objectivos para nós, se não andaremos constantemente à deriva e à mercê dos outros. Penso eu de que. :)
Uma beijoca a todos!!! Têm todos razão! ;)
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