quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

...



Sinto nos ombros o peso de todos os dias vividos
nas pernas o cansaço acumulado de todos os caminhos desbravados
na cabeça a dor de todos os problemas sofridos
e no coração o desgaste de todos os amores mal amados
Sinto que não me sinto
e isto já é demais para se sentir!



Fotografia: The shortest distance by Raun
http://raun.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

Reticências


Parece que falamos em caminhos opostos
as palavras não se cruzam
os sentidos divergem
os pontos seguem-se um a um
um ponto, outro ponto, outro ponto
e no ar ficam as reticências do que há-de vir
Falamos sem nos falarmos e é nos espaços entre as palavras
que fica o dito pelo não dito, que fica o que ainda está por dizer
Nos silêncios é onde nos encontramos
e na dor das palavras por parir
ficam as palavras que por não terem sido ditas
nunca as conseguiremos digerir.


Fotografia: This is my love story II de Mehmeturgut
in http://mehmeturgut.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Pedaços


"Pedaços de uma vida perdida
pedaços jamais encontrados
pedaços que eu colei na vida
estão de novo despedaçados
Coisas e mais coisas sem sentido
passaram por mim tão depressa
que eu não os vi passar e comigo
restou apenas o que não presta..."


(Excerto de um texto meu que remonta ao ano
de 1991 se a memória não me falha)



Fotografia: Grace by Aiae
(Todos os Direitos reservados)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Sentir


Queria brincar
voltar a saltar, a correr e a rir
a rir sem controlo até chorar
a chorar de tanto me divertir
Queria voltar a saltar à corda
saltar ao elástico, brincar à macaca
Correr atrás para depois ser eu a fugir
e com giz desenhar no chão os quadrados a evitar
Queria voltar a sentir
a ansiedade que só as crianças sentem
no dia anterior a irem sair
As noites mal dormidas
apenas pela expectativa
das prendas por abrir
Sentir tudo de novo
e ainda ter tudo por sentir!


Fotografia: Poseurs by Lunay
(Todos os Direitos reservados)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Pequenos degraus de uma enorme escadaria


Temos a vida repartida em momentos
os momentos imortalizados em fotografias
os sorrisos, as caras, os dias de outros dias
Olhamos e recordamos... ri-mos e choramos
As pessoas parecem estátuas
imóveis... eternas... ali!
Vamos buscar os álbuns das fotografias
em momentos doídos de melancolia
em busca do que já passou
Fotografias vivas das memórias entretanto esquecidas
fotografias com e sem cores
fotografias
Pequenos rectângulos das nossas vidas
das datas comemorativas
dos aniversários e dos natais
daquela prenda, daquela surpresa de uma amiga
perdemos já o contacto mas ali era nossa amiga
ali era a nossa prenda favorita
ali existiu e ainda existe mas só na fotografia
Temos a vida repartida por momentos
pequenos degraus de uma enorme escadaria
que vamos subindo com a esperança
de estarem repletos de novos e melhores dias!


Fotografia:
Copyright © Beata Czyzowska Young.
All rights reserved.

Parabéns "Nino" - NS



Gostaria de te dar o que não é já possível
os presentes são secundários
perderam já a importância
Queria poder dar-te o mesmo que queria para mim
mas isso seria bater no passado
e esquecer de dar ao futuro uma esperança
Assim dou-te o que sempre trocámos
Aquilo que mesmo com o fim nunca ficou acabado!
Ontem, hoje e amanhã estaremos sempre unidos
por
uma cumplicidade inesgotável
uma amizade invejável
e um cão senil!!



Fotografia por: Patrícia Manhão
(todos os Direitos reservados)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O beijo


Tenho saudades do beijo
do beijo roubado
dado de lado
do que já foi desejado
Saudades do roçar ao de leve
de imaginar que era mais... que seria mais
das palavras trocadas
das fantasias imaginadas.
Tenho o beijo
e as saudades roubadas
Foi dado porque desejado
Rocei as emoções
e ao de leve imaginei...
Troquei as palavras
Imaginei as fantasias
E a beijar-te tornei!


Fotografia: The Kiss by Liquidtheorying
in http://liquidtheoryinc.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

...


não quero a eternidade... é tempo demais
não quero promessas... são sempre quebradas
não quero amarras... ferem-me os pulsos
não quero estradas... gosto dos caminhos
não quero o arrependimento... prefiro a coragem
não quero o desprendimento... prefiro a despedida
não quero o impensável... prefiro o mundo




Fotografia: 4781 by Whitestar
in http://whitestar98.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Over my shoulder


Vem e espreita-me por cima do ombro
experimenta! vem e vê o que eu vejo
tenta apanhar a minha perspectiva
mas não tentes viver a minha vida
Vem e encosta a tua cabeça no meu ombro
afasta um ou dois cabelos da tua frente
fazem comichão na cara e não te deixam ver bem
Vem e tenta ver o meu lado
tenta perceber como eu percebo
tenta ver o que eu vejo
e talvez isso mude alguma coisa
talvez nem seja preciso mudar
mas assim ficas a perceber-me melhor
Vem e esforça-te por compreender
porque só assim me irei esforçar por explicar.



Fotografia: Shoulder by Douceur amere
in http://douceur-amere.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

February has come


Porque por vezes é assim
sem se ter noção do porquê
sem perceber a razão
O tempo anda a correr
e nem sempre o conseguimos acompanhar
nem sempre sabemos como
Hoje sinto que o tempo passou por mim
passou sem eu ter dado conta
e Fevereiro já chegou
Talvez seja pelo frio que sinto
talvez seja por não sentir que vá haver Natal
talvez porque Dezembro começa a irritar-me
talvez porque queira apagar este mês do calendário
Quero que chegue Fevereiro
a ele se siga rapidamente o Março
e pelo meio que eu tenha descanso
e me esqueça de mim própria...

Fotografia: Tears of sadness by dontvy219
in http://dontvu219.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

C'est la vie


"Parece-me que anda tudo maluco"
A amiga acena que sim com a cabeça. É uma realidade e por ela o assunto teria morrido ali.
Há realidades que de tão verdadeiras que são não merecem mais discussão ou mais tempo debruçado sobre elas. A vida ensinou-lhe isso!
"Mas anda mesmo tudo louco!"
Não percebe o porquê da insistência. Volta a dizer que sim sem o chegar a dizer e dá mais um gole no copo de vinho. Com a descida da temperatura parece-lhe mais do que óbvio que se aumente a quantidade de vinho a ingerir. Mais uma das coisas que aprendeu com a vida.
"... até te digo mais, parece que andamos todos a viver uma vida que não é a nossa, aos trambolhões porque andamos com os sapatos que não nos pertencem, aos encontrões porque não nos habituamos ao corpo que nos foi emprestado!"
Ela olha para a amiga, volta a acenar com a cabeça e levantando o copo diz: "É mesmo assim a vida minha amiga!"
E encerrou ali o assunto. Para ficar deprimida já lhe bastava a vida.
A vida ensinou-lhe isso!


Fotografia: Madness by Dame Verte
in http://dameverte.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

Lado a lado


Iam lado a lado, não porque partilhassem o mesmo caminho mas porque aconteceu assim. Não se lembram sequer de ter iniciado o caminho juntos. De terem tomado uma decisão, de terem sequer pensado no assunto.
Iam lado a lado mas cada um a seguir o seu destino. Sem o saberem estavam a segui-lo... e que outra coisa é o destino se não isso mesmo?
De cada vez que pela dança própria do andar as suas mãos se tocavam quase que se assustavam, e só aí nesse momento, percebiam que iam lado a lado. Não porque o tivessem decidido. Mas porque a vida tem destas coisas e quem somos nós para pôr em causa as suas razões.
Várias bifurcações apareceram, passaram por vários cruzamentos mas continuavam a andar lado a lado na certeza que o caminho a seguir era sempre em frente. Por vezes paravam em simultâneo como se de repente o caminho lhes faltasse aos pés. Limitavam-se a respirar fundo. Nunca olharam para trás. Sabiam que nunca se deve lamentar pelo que se decidiu perder mas apenas ansiar pelo que de novo se pode ganhar. Restabelecidas as forças e com a mesma força de quem vai descobrir novos continentes começavam a andar como se tivessem sido empurrados.
Chegados ao fim do caminho (não porque este tivesse acabado mas porque sabiam que ali era o fim) deixaram-se ficar parados e com as palavras que o vento levou, antes mesmo de se poderem fazer ouvir, decidiram o caminho a fazer a seguir!


Fotografia: One step by Lucem
(Todos os Direitos reservados)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Violências...


Pára!
diz ela com uma voz que já nem conhece
As tuas palavras ferem-me
e as tuas mãos maltratam-me
Pára!
pede ela mas sem o enfrentar
Não me trates como se não existisse
não me digas o que pensar
não me olhes como se eu fosse menos
Pára!
diz ela já a fraquejar
As forças faltam-me já para lutar
e nem sei se te posso continuar a perdoar
Pára!
suplica ela já a chorar
... não sei se consigo continuar a calar


Pára!
pede ela já só com o olhar
ele não parou
e o dia seguinte não chegou para ela...
para ela o perdoar!


Fotografia: No exit by Lucem
in http://lucem.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Vazio


Sinto-me vazia
apática e sentida
sinto-me sem me sentir
toco-me sem me tocar
e o meu olhar perde-se
Apetecia-me só dormir
deixar-me apenas relaxar
deixar-me apenas ficar
Encontro-me no desencontro das palavras
no meio da discussão dos silêncios
e procuro-me sem saber o que procurar
Queria que as palavras surgissem
me ajudassem a desabafar
mas elas teimam em não chegar
E fico como quando me desencontrei
apática no olhar
e sem nada para contar!


Fotografia: Telling lies by glitterdarkstar
in http://glitterdarkstar.deviantart.com/
(Todos os Direitos reservados)