Iam lado a lado, não porque partilhassem o mesmo caminho mas porque aconteceu assim. Não se lembram sequer de ter iniciado o caminho juntos. De terem tomado uma decisão, de terem sequer pensado no assunto.
Iam lado a lado mas cada um a seguir o seu destino. Sem o saberem estavam a segui-lo... e que outra coisa é o destino se não isso mesmo?
De cada vez que pela dança própria do andar as suas mãos se tocavam quase que se assustavam, e só aí nesse momento, percebiam que iam lado a lado. Não porque o tivessem decidido. Mas porque a vida tem destas coisas e quem somos nós para pôr em causa as suas razões.
Várias bifurcações apareceram, passaram por vários cruzamentos mas continuavam a andar lado a lado na certeza que o caminho a seguir era sempre em frente. Por vezes paravam em simultâneo como se de repente o caminho lhes faltasse aos pés. Limitavam-se a respirar fundo. Nunca olharam para trás. Sabiam que nunca se deve lamentar pelo que se decidiu perder mas apenas ansiar pelo que de novo se pode ganhar. Restabelecidas as forças e com a mesma força de quem vai descobrir novos continentes começavam a andar como se tivessem sido empurrados.
Chegados ao fim do caminho (não porque este tivesse acabado mas porque sabiam que ali era o fim) deixaram-se ficar parados e com as palavras que o vento levou, antes mesmo de se poderem fazer ouvir, decidiram o caminho a fazer a seguir!
Fotografia: One step by Lucem
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