E se na repetição das horas perdermos a visão dos minutos?
sussurras-me ao ouvido o passar dos segundos?
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Simplicidade dos dias
Lembro-me com o mesmo cuidado e doçura com que se segura um pauzinho de algodão doce.
Agarro-me a essas memórias com o mesmo cuidado... com a mesma delicadeza, receosa de que qualquer gesto seja demais e vá alterar a estrutura dessa memória.
Lembro-me de juntas irmos buscar os lençóis velhos e de com eles construirmos na cozinha a nossa casa, com cuidado, com cadeiras a dar a altura, com pequenos bancos a servir de mobília.
Lembro-me de irmos a correr surripiar os bibelôts para decorarmos aquela nossa vivenda criada por nós. A minha mana conseguia sempre os mais giros... quatro anos de diferença reflectem-se no tamanho e tudo o que é mais valioso encontra-se sempre umas estantes acima.
Lembro-me de aninhar-mo-nos lá de baixo e deixar a imaginação correr, deixá-la criar vida, criar hipóteses, criar histórias.
Agarro-me à simplicidade desses dias. Era tudo tão fácil.
Agarro-me à sensação que ainda guardo de despreocupação e só queria que agora continuasse a ser um bocado assim... um lençol preso a uma cadeira, um banco pequeno a servir de móvel e um bibelôt partido a alegrar a vida.
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