quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sendo assim não quero!


Se somos todos os iguais porque é que me sinto tão diferente?
"todos diferentes, todos iguais!" dizem-me vocês...
Não é isso que eu quero dizer, penso eu.
E esta é mais uma das diferenças. É só mais uma.
Falo, falo, falo
os meus lábios mexem-se. Sinto-o no meu rosto. Sinto os meus lábios que se tocam. Oiço em sons difusos, confusos, sobrepostos o que estou a dizer mas nem vocês me ouvem e nem a mim me apetece repetir.
De consciência tranquila sei que me preocupo. Com o cansaço das desilusões nas costas sei que nem sempre o fazem.
Se sabem que eu estou ali! Aqui! Em todo o lado disponível eu não posso dizer o mesmo. E é esse peso que me provoca dores infernais nas costas, que me abre fendas na coluna e que deixa fluir todo o seu líquido até que seque por fim... até que enfim... que seque finalmente.
Se somos todos iguais porque é que me sinto fora deste mundo? Expulsa deste mundo?
Se somos todos iguais porque é que acabo por, ao fim da noite, olhar para vocês sem vos reconhecer como iguais?
Se é este vazio, esta ausência de tudo o que nos torna iguais... então sinto-me mesmo diferente!


Fotografia: Same difference by Lars Raun
(Todos os Direitos Reservados)

1 comentário:

pp disse...

Não sou indiferente á tua diferença, sou todo ouvidos.

Estou cá para te ouvir, tu sabes.

jokas