quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mundos paralelos

Ele pára. Senta-se. Pensa. E volta a deitar-se.
Adormece e deixa que adormeçam com ele as preocupações.
Não tanto as dele mas as dos outros.
Carrega no corpo o peso de outros corpos e na cama, deitado, esse peso é repartido pelos lençóis e pelo colchão.
Carrega no corpo as questões e as dúvidas.
Pop-ups de likes e de don´t like.
A cabeça gira.
Ele pousa-a na almofada para que pare de girar.
E deixa-se adormecer para deixar de tentar pensar.
São as costas dos outros que lhe pesam nas suas e deixa-se estar.
Na sua mente não há dúvidas.
Sabe o que quer.
São as preocupações dos outros.
Se bem que... com o mal dos outros podemos nós bem.
E de repente o frio
e de repente o calor
e de repente os beijos
os dados e os roubados
e na sua mente não há dúvidas
que quando se ama não se questiona
e não se fazem perguntas
Ele pára. Senta-se. Pensa.
E de repente o frio...

....

Ao longe o frio trespassa, infiltra-se,
deixa marcas
queimaduras
(sim, que estas não se fazem apenas pelo calor)
e tenta-se respirar
e o corpo encarquilha-se numa tentativa de escapar ao frio
e da boca já não saem beijos
já não saem sons
apenas nuvens de fumo branco
apenas o calor que ainda restava dentro do corpo
Ao longe ela anda de um lado para o outro.
Levanta-se.
Faz por não pensar.
Não se quer deixar adormecer
evita os sonhos
E tem no corpo o seu peso
e quer mantê-lo todo
como punição
para se lembrar
Não quer esquecer
De longe chega o frio
e ela de corpo nu
e ela sem respirar
sem conseguir respirar
e cheia de perguntas
Ela anda de um lado para o outro
apenas para não parar
apenas para não pensar
apenas para o seu peso carregar.

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