terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vital


"Era vital. Para mim era vital!"
Passou a mão pelo cabelo ainda molhado do banho que acabara de tomar e enquanto sorria pensava que era vital. Tinha sido vital.
Riu-se e quase se assustou por ouvir o eco da sua gargalhada ecoar pela casa que parecia nunca estar cheia o suficiente e que ela achava que já se encontrava preenchida demais. Riu-se pela ideia, pelo conceito, pelo "então é vital porquê? Será mesmo uma questão de morte ou de vida?". Riu-se porque não era. Riu-se porque sentia que era sim senhor e que ninguém ousasse cruzar-se no seu caminho para dizer que não.
Sentou-se no sofá e desejou por momentos não ter deixado de fumar (há alturas em que os momentos seriam perfeitos apenas e com um cigarro aceso na mão). Embora soubesse que não era uma questão de vida (não no sentido em que a mesma se pode perder), a verdade é que a sua qualidade de vida dependia daquele momento, tinha dependido da honestidade daquele momento. E isso alterava, só por si, tudo o resto.
Podia até nem ter sido vital, pensou, mas que para si tinha tido um elevado grau de importância isso ninguém o podia negar e agora, depois do acto consumado, depois de tudo tratado, sentiu-se aliviada porque sentiu que desta vez fez o mais correcto a fazer!


Fotografia: Nadia by Huseyin Turk
(All rights reserved)

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