terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Saudades do indeterminado

Corro a cidade sem saber se é a ti que procuro ou se é de ti que fujo... tal é a confusão que as voltas me fazem, tal é a repetição dos prédios, dos lugares. Lugares comuns porque repetiram-se vezes demais nos meus olhos e já não deixam lugar para a imaginação.
Corro a cidade com a mesma determinação com que corri do campo, com que fugi das árvores e dos silêncios, dos verdes e dos tons acastanhados. A mesma determinação que agora me embacia os sentidos, os mesmos silêncios que me deixam saudades dos verdes, os mesmos tons acastanhados que me deixam saudades do indeterminado, da ausência dos semáforos que me gritam aos olhos que devo andar, que devo parar.
Corro a cidade e trago no nariz os mil cheiros que me inundam no caminho, trago os carros e os seus escapes, trago as casas e os seus jantares, trago as pessoas e todas as suas vidas presas no nariz.
Corro a cidade e trago na boca os sabores das lojas, o sabor dos placards, o sabor dos copos que me acompanharam na vida, dos martinis e dos gins tónicos, dos vinhos bebidos sem racismos e sem distinções.
Corro a cidade com a mesma determinação de quem corre a maratona... à espera de ver a fita ao fim da corrida.
À espera que alguém me diga que não faz mal parar!


Fotografia: The City by Night by Guy Boden
(All rights reserved)

4 comentários:

pp disse...

Toda a gente busca algo, não sabem bem é o quê, mas esta busca sem fim é que nos mantém vivos e activos, por isso não tenhas medo de correr...corre atrás do que te apetece do que o coração deseja...e sê feliz, a isso chamo viver e sonhar, é bom.

Sandrine disse...

Beijo enorme PP!!!
:)

Dry-Martini disse...

Mas onde é eu já ouvi isto? :)

XinXin

Sandrine disse...

Dry-Martini... ups..... mas eu avisei-te que iria publicar este também aqui!!! ;)
Jokinhas
s