quinta-feira, 28 de julho de 2011

Adivinha-me o pensamento!

É como se fosse um murro no estômago, uma faca nas costas, uma chapada de luva branca. Não faltam frases. Não faltam ditados populares de tão populares que estas acções são. Não faltam palavras. Falta a compreensão.
É como se nos tirassem o tapete debaixo dos pés e ficássemos a pairar, em suspenso, sem céu nem terra, sem ter por onde voar, sem saber voar e sem ter onde cair (a dúvida se ainda se consegue levantar).
É como se nos tirassem a confiança. Tiram-nos a deles e com ela vai a nossa.
E fica-se parada no meio do que está acima e do que fica abaixo.
Fica-se ali. Sem mais.
Racionaliza. Racionaliza. Racionaliza.

Pensamentos positivos. Pensamentos negativos. Pessoas que não se querem preocupar. Vidas que mudam porque as pessoas não querem assumir o seu papel.
'Eu dirijo mas sem dirigir!', 'eu faço sem fazer!'.
Adivinha-me o pensamento para eu poder parar de pensar! Fazes isso?
E eu sem vocação para ler a mente. Atenta. À espera.
Adivinha as minhas necessidades e antecipa-te a elas!
Faz mesmo que não saibas se é isso que tens de fazer!
E eu ainda em suspenso, ainda no meio.
E eu ainda sem saber se subo ou se caio.
Já caí antes. A queda não me preocupa. São os momentos até à queda que me dão vertigens. Que me fazem ter suores frios. Que me fazem sentir a ferver.
A raiva. A incompreensão. A falta de paciência.
Mas sê paciente! Tens que ter paciência!
Adivinha-me o pensamento para eu poder parar de pensar. Faz isso!

E eu a obedecer mas sem, ainda, conseguir ler a mente que dá ordens e que mete pontos de exclamação nos finais das frases. Que mete pontos de exclamação na voz.
E eles como eu a pairar no ar. Entre o que fica acima e o que está em baixo.

No meio. Eu.
Nem acima nem abaixo.
No meio.
A tentar adivinhar o pensamento.
À procura de chão para pousar os pés.

2 comentários:

cvnha disse...

Conheces a história do louco que subiu a um arranha-céus e que se atirou dele? À medida que ia caindo, passava andar por andar mas por dentro dizia a si mesmo... até aqui tudo vai bem, até aqui tudo vai bem...

O que importa não é a queda... é o modo como se aterra. @'

Sandrine disse...

Bem verdade!!

Beijo
s