quinta-feira, 28 de julho de 2011

Perdidos no Baú

Encontrei por acaso a lista para a minha casa quando comecei a morar sozinha.
A lista é de julho de 2002 e 'exigia' como requerimentos mínimos de habitabilidade o seguinte:

Lista:

· Pratos 4

· Copos

· Talheres 4

· Talheres grandes

· Tachos/panelas 4

· Frigideiras 4

· Toalhas mesa

· Panos cozinha

· Vassoura / pá

· Balde / esfregona

· Panos de limpeza / pó / esfregões

· Alguidar médio

· Frigorífico

· Máquina de lavar roupa

· Varinha mágica

· Aspirador

· Lençóis (2x)

· Cobertores (2x)

· Toalhas casa-de-banho (2x)


E isto chegava...

Adivinha-me o pensamento!

É como se fosse um murro no estômago, uma faca nas costas, uma chapada de luva branca. Não faltam frases. Não faltam ditados populares de tão populares que estas acções são. Não faltam palavras. Falta a compreensão.
É como se nos tirassem o tapete debaixo dos pés e ficássemos a pairar, em suspenso, sem céu nem terra, sem ter por onde voar, sem saber voar e sem ter onde cair (a dúvida se ainda se consegue levantar).
É como se nos tirassem a confiança. Tiram-nos a deles e com ela vai a nossa.
E fica-se parada no meio do que está acima e do que fica abaixo.
Fica-se ali. Sem mais.
Racionaliza. Racionaliza. Racionaliza.

Pensamentos positivos. Pensamentos negativos. Pessoas que não se querem preocupar. Vidas que mudam porque as pessoas não querem assumir o seu papel.
'Eu dirijo mas sem dirigir!', 'eu faço sem fazer!'.
Adivinha-me o pensamento para eu poder parar de pensar! Fazes isso?
E eu sem vocação para ler a mente. Atenta. À espera.
Adivinha as minhas necessidades e antecipa-te a elas!
Faz mesmo que não saibas se é isso que tens de fazer!
E eu ainda em suspenso, ainda no meio.
E eu ainda sem saber se subo ou se caio.
Já caí antes. A queda não me preocupa. São os momentos até à queda que me dão vertigens. Que me fazem ter suores frios. Que me fazem sentir a ferver.
A raiva. A incompreensão. A falta de paciência.
Mas sê paciente! Tens que ter paciência!
Adivinha-me o pensamento para eu poder parar de pensar. Faz isso!

E eu a obedecer mas sem, ainda, conseguir ler a mente que dá ordens e que mete pontos de exclamação nos finais das frases. Que mete pontos de exclamação na voz.
E eles como eu a pairar no ar. Entre o que fica acima e o que está em baixo.

No meio. Eu.
Nem acima nem abaixo.
No meio.
A tentar adivinhar o pensamento.
À procura de chão para pousar os pés.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

À espera

E
E sempre gostou de começar as frases por "e" como se antes houvesse um mundo inteiro de palavras a anteceder, mantas tecidas de sentidos, contextos, personagens, histórias...
E
E sempre gostou de ver nesta letra uma continuação do antes que se perpetua para o depois, uma alteração continuada, uma continuação alterada
E
E sempre gostou de pensar que os textos nunca foram seus, que as palavras chegavam do nada, que o espaço aguardava as suas palavras, que o mundo (o seu pelo menos) se encontrava em suspenso, apenas à espera
E
E sempre gostou de sentir que atrás há caminho e que não se encontra sozinha a caminhá-lo, que há percursos que sabem melhor quando feitos de olhos fechados apenas com o apoio de um (a)braço amigo, apenas com a sensação de pura confiança
E
E deixa-se ficar por aqui... assim... em suspenso... com um E na ponta da língua, com um E em perpétuo movimento, em início de acção...

E depois queixam-se

Uma pessoa a precisar, porque já há muito que não vai lá e qual é a resposta quando tentamos marcar o 'encontro'?....
... Só no fim de Agosto...

Então está bem... eu espero!

Mas depois não se queixem...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O silêncio que custa ouvir

Na festa de anos do sobrinho mais novo o divertimento da mãe, que ao contrário do neto já tinha idade para ter juízo, massacra a mana porque tem que arranjar o armário descaído da cozinha ao ponto de eu mandá-la parar. Eu que não sou nada disso. Eu que não falo assim com a minha mãe. Eu que a fumar um cigarro já não a conseguia ouvir mais. Eu a dizer "oh mãe, para de massacrar a minha irmã". A minha irmã que é filha dela. As mães têm o direito de massacrar. Eu já não aguentava. A minha mana é uma boa filha. Aguenta. Tem paciência. Eu não. Sou diferente. Não tenho. Devia. Mas não tenho. Depois à volta da mesa massacra-me a mim. Porque estou gorda. Porque sempre fui gorda. Sempre fui a mais cheia da família. Que já era cheiinha na adolescência. Eu que na adolescência tinha a alcunha de 'tábua', lisa à frente e lisa atrás. Magra. Afinal agora gorda. Afinal agora sempre fui. Mudam-se as conversas para os partos e eu que nasci na cama do quarto. Que nem dei tempo de ir para a sala de partos. Que nasci ao fim do dia. Eu que nasci de manhã. Que tenho uma certidão de nascimento que diz isso. Que fui trocada por uma outra irmã. Até compreendo. Ninguém é obrigado a saber a hora e o peso de todos os filhos. Já e uma sorte quando acertam na data de aniversário e na idade. Mas eu sem paciência. Eu que não sou a mana. Que não sou assim. Que não ando assim. Sem paciência. Volta a questão do peso. Do que há a mais. E que como mal. E que tenho que comer melhor. Eu que como bem. Eu que como muitas verduras. Eu sem paciência. Eu a levantar-me da mesa e ir para o sofá. Porque sem paciência. Depois porque temos que fazer a reciclagem da mana. Eu sem dizer palavra. Eu mesmo assim a ouvir. Eu sem paciência. Sem pinga de paciência. A viagem de carro para casa um suplício. Uma dor no estômago. Sangue frio a correr-me pelas veias. A cabeça que me dói. O silêncio que custa a ouvir. E eu sem paciência.
E depois a vida. Madrasta. Maldita. Cruel. Que nos vai tirando aqueles de quem gostamos. Que vai pedindo emprestado aqueles de quem os nossos gostam. E eu sem saber o que fazer. Impotente. Sem reacção. A perder a noção do que é certo. A ganhar noção de que há cada vez mais o errado. E mesmo assim sem paciência. E depois a morte. Que espreita curiosa. Que anda sempre a espreitar. Que nem uma sombra num dia de verão. A pairar. E eu a começar a ficar sem forças. Sem reacção. Sem paciência.
Sem palavras.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dedicação é...


... chegar a casa à meia-noite e meia, cheia de sono e super cansada (mas de barriga cheia de boa comida e de excelente companhia) e ainda ir carinhosamente tratar da minha 'hortinha' e tentar ressuscitar um já meio-morto manjericão.


Ser compensada pela dedicação é...

... acordar de manhã com sono e quase a chorar porque não quero ir trabalhar e ver que as minhas plantinhas aromáticas estão com uma nova vitalidade!!! :)


Nota mental: Regá-las* todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias! Regá-las todos os dias!


* regá-las pelo vaso. e sem ser água em exagero!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Voltada de férias

Nada como fazer uns melhoramentos à casinha.
Desta vez foi a vez da cozinha com uma nova bancada que permite mais arrumação:



e a minha 'horta' pessoal :)


Da esquerda para a direita: mangericão; cebolinho e salsa

Pequenas coisas que me fazem mais feliz!

Nota mental: Não deixar morrer a horta! Não deixar morrer a horta! Não deixar morrer a horta! Não deixar morrer a horta! Não deixar morrer a horta! Não deixar morrer a horta!