Trazia na carteira a moeda de outros tempos.
Moeda velha e suja, sem valor, obsoleta. Mas era a sua moeda.
Numa carteira de pele velha que, em caso de dúvida, demonstrava bem a idade do seu dono. Uma carteira velha. Bastante usada. E tal como a moeda sem aparente utilidade. Mas era a sua carteira! E nela encontrava-se a sua moeda!
Uma moeda que o lembrava dos tempos idos. Dos tempos em que aquela não era única moeda. Dos tempos em que a carteira era, de facto, usada... utilizada.
Com o tempo ficaram as marcas dos fatos que já não usava. Das reuniões a que já não ia. Até mesmo o cheiro do móvel de mogno da entrada da sua casa onde todos os dias pousava a carteira quando chegava.
Agora continha uma moeda que já mais ninguém usava. Um Bilhete de Identidade que já não tinha validade e papeis que na rua encontrava.
Pedaços de jornais que o agarravam a um tempo memorial... que o ligavam a memórias que já eram intemporais.
Admitia no cair da noite que sentia que a sua cabeça já não era a mesma e por vezes confundia as datas, os nomes, as pessoas, as ruas... chegava mesmo a confundir-se a ele próprio quando via o seu reflexo numa qualquer montra e sentia o impulso de puxar da sua carteira, para buscar a sua moeda e...
Tinha uma fotografia de um filho pequenino e que agora já casado, bem na vida... Um Doutor! Sorria quando dele falava mas eram as lágrimas que lhe escorriam quando à noite dele se lembrava que mais doíam. Já há muito que não o via e dele tinha apenas aquela fotografia e as memórias que se confundiam. Histórias que já nem sabia bem se eram as suas se eram as dele e por vezes punha-se mesmo a pensar que memórias teria o filho.
Tinha a vida naquela carteira e se alguém lhe fizesse a maldita pergunta ele nem por um segundo hesitaria:
"Leva-me a Vida... porque dela já só tenho esta carteira!"
Fotografia: Homeless by Isahn
(All rights reserved)
Moeda velha e suja, sem valor, obsoleta. Mas era a sua moeda.
Numa carteira de pele velha que, em caso de dúvida, demonstrava bem a idade do seu dono. Uma carteira velha. Bastante usada. E tal como a moeda sem aparente utilidade. Mas era a sua carteira! E nela encontrava-se a sua moeda!
Uma moeda que o lembrava dos tempos idos. Dos tempos em que aquela não era única moeda. Dos tempos em que a carteira era, de facto, usada... utilizada.
Com o tempo ficaram as marcas dos fatos que já não usava. Das reuniões a que já não ia. Até mesmo o cheiro do móvel de mogno da entrada da sua casa onde todos os dias pousava a carteira quando chegava.
Agora continha uma moeda que já mais ninguém usava. Um Bilhete de Identidade que já não tinha validade e papeis que na rua encontrava.
Pedaços de jornais que o agarravam a um tempo memorial... que o ligavam a memórias que já eram intemporais.
Admitia no cair da noite que sentia que a sua cabeça já não era a mesma e por vezes confundia as datas, os nomes, as pessoas, as ruas... chegava mesmo a confundir-se a ele próprio quando via o seu reflexo numa qualquer montra e sentia o impulso de puxar da sua carteira, para buscar a sua moeda e...
Tinha uma fotografia de um filho pequenino e que agora já casado, bem na vida... Um Doutor! Sorria quando dele falava mas eram as lágrimas que lhe escorriam quando à noite dele se lembrava que mais doíam. Já há muito que não o via e dele tinha apenas aquela fotografia e as memórias que se confundiam. Histórias que já nem sabia bem se eram as suas se eram as dele e por vezes punha-se mesmo a pensar que memórias teria o filho.
Tinha a vida naquela carteira e se alguém lhe fizesse a maldita pergunta ele nem por um segundo hesitaria:
"Leva-me a Vida... porque dela já só tenho esta carteira!"
Fotografia: Homeless by Isahn
(All rights reserved)
4 comentários:
Já li este texto uma data de vezes....
Nem sei bem o que dizer (para variar)..
Deve ser das coisas mais bonitas que alguma vez li.
Mesmo.
beijos linda
Oh Patrícia... Muito, mas mesmo muito obrigada!!!!
Agora fui eu que fiquei sem saber o que dizer!!!!
Um beijo enorme!
s
fantastico
ns
Obrigada ns!!!! :)
Do fundo do coração!
Beijo
s
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