Olho para trás e foram 9, quase 10 anos.
Epá... e tanta coisa aconteceu em 9, quase 10 anos.
No início a incerteza, o medo. Pânico mesmo. Daquele que nos faz parar. Que nos acorda a meio da noite. A sensação de falta de ar.
No início a caixa de cartão a suportar a tv de cozinha que a minha mãe
amavelmente me deu. À frente da tv uma cadeira de plástico... daquelas
de café. Mais tarde a cadeira de plástico e uma cadeira tipo de balouço.
Aos poucos vieram o sofá, uma tv maior, um móvel de centro, um móvel
para a tv. Estantes para meter os livros. Cada vez mais livros.
Uma ou outra planta que, cada uma à vez, lá se iam suicidando.
Um colchão novo. Uma mesinha de cabeceira. Um candeeiro de quarto.
Tenho a dizer que não comprei nenhum candeeiro. Chego agora à conclusão que me foram todos oferecidos.
Ainda sem cortinas.
Os amigos, os jantares, o vinho e a cerveja a mais. Os martinis e os
queijos. Os cigarros fumados uns atrás dos outros. As lágrimas e as
gargalhadas.
Os inícios e os fins.
Objetos atirados contra as paredes. os amigos íntimos a saberem disso. A
fazerem disso anedota. Sempre ao meu lado. Sempre comigo. Mesmo os
ausentes.
As noites a só (sabem tão bem). As noites em que me senti sozinha (a dor no peito).
O Requy sempre comigo. Ao meu lado. Meu companheiro de uma vida.
Ele só conheceu aquela casa.
Para mim foi a minha primeira casa. Fiz dela o meu lar.
E agora...sim agora fica uma certa nostalgia.Quase de lagriminha no olho.
Mudar é bom eu sei.
Mas foi ali que dez anos da minha passaram e vai ser difícil deixar de entrar ali.
Olho para trás e foram 9, quase 10 anos... e nem dei por eles passarem...