sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Linha de produção

Com a revolução industrial vieram ao mundo doenças do foro físico e psicológico.
Não foram só as máquinas e os produtos à barda... os malefícios acompanharam essa grande revolução que abriu as portas ao consumismo desenfreado que hoje em dia nos assola.
Para além de todos os factores óbvios e conhecidos da poluição, 'escravidão', do proletariado e dos capitalistas houve um factor que chegou até a ser motivo de 'chacota' nos filmes do Charlie Chaplin (como o Modern Times de 1936) onde os movimentos repetitivos dos trabalhadores foi genialmente retratado. A repetição e o mecanicismo, a produção em linha trouxeram problemas que ainda hoje se tenta que sejam abolidos das fábricas (não por preocupação dos empregadores mas por imposição legal).
Hoje sinto que voltei ao início da revolução industrial e que estou há horas numa linha de produção.
Os movimentos são já mecânicos.
os gestos automáticos.
E eu mais pareço uma máquina.
Busca lenço
assoa
pousa lenço
espirra
busca lenço
tosse
assoa
pousa lenço
espirra
...

Será que posso processar-me a mim mesma?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Espelho meu, espelho meu...


Se me deres uma imagem juro que farei os mais belos comentários
irei-te descrever as suas cores até lhes sentires o sabor na boca
do sol irás sentir o seu calor
e se for uma imagem noturna
irás sentir o chão como os astronautas sentiram a lua
Se me deres um texto sentar-me-ei ao teu lado e os dois
passo a passo
iremos descodificar os seus sentidos
as suas mensagens
os mal-entendidos
o que ficou por dizer nas entre-linhas...
Mas não me faças perguntas
não me exijas respostas
não perguntes como estou
ou sequer como quero estar
não me exijas respostas com o teu olhar
e se no meio das palavras só saírem baboseiras
desculpa-me mas não me deixes de falar.
Mas também te digo
com toda a sinceridade amigo
não te esqueças de olhar para ti antes de me criticares
não te iludas em sonhos que se calhar já nem são os teus
que se calhar são sonhos de estimação
meras ilusões
meras desilusões
Não me batas por não ser dona da verdade
ou por não ser aventureira
e deixar por descobrir países e mares
não me dês nas orelhas porque não faço perguntas
e não te entristeças por não te dar respostas...
se o meu silêncio te irrita
lembra-te que também tu te calas na tua própria dor
no teu próprio altivismo
nesse sarcasmo que finge e que engana
nesse esperar já quase sem esperança
No fundo somos imagens reflectidas no mesmo espelho
Sem perguntas, sem respostas
apenas o reflexo de uma ilusão.